Category Archives: Cinema

Jazz em Agosto 2016

jazz em agosto 2016

Tem sido assim, de modo relativamente evidente, ao longo da última meia dúzia de anos: o Jazz em Agosto divide-se novamente, no roteiro que debuta amanhã, dia 4, entre o útil e o fútil, entre a credibilidade e a incredulidade, entre a excelência e a excedência. Há concertos imperdíveis, concertos razoáveis e concertos evitáveis. Mas o que realmente interessa é que existe. O que realmente interessa é que insiste. O que realmente interessa é que resiste. Não é fácil fazer melhor, sobretudo num campo sensorial intelectualmente tão exigente e labiríntico quanto este; contudo, não há como reprimir o Continue reading

Jazz em Agosto 2015

jazz em agosto 2015

Um ano depois do que aparentava ser um fortuito lapso de sentido na excelência costumeira da programação do mais carismático festival português de música improvisada, os sons de exceção jazzística estão nesta semana de regresso ao Anfiteatro ao Ar Livre da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, para abonar um cartaz que, tal como testemunhado numa generosa fatia das suas anteriores 31 edições, promete não repetir momentos embaraçosos como os Continue reading

Jazz em Agosto 2014

jazz em agosto

Seria efetivamente inevitável? Ou nem por isso…? As guitarras vão contaminar inapelavelmente o Jazz em Agosto deste 2014. Depois de centrar a ação, entre outros instrumentos e tangentes concetuais, na trompete (em 2009) ou numa equação de “Pianos, baixos, tubas & vozes” (em 2007), a 31ª edição do festival lisboeta – que começa com o mês que o nomeia – foca-se com particular empenho num instrumento cujo protagonismo no repositório jazzístico não é – salvo uma generosa dúzia de exceções, extensíveis de Charlie Christian a Derek Bailey, passando por Django Reinhardt, Wes Montgomery ou Jim Hall – por demais assinalável. Partindo dessa premissa, difícil seria garantir uma Continue reading

“A flor do equinócio”, “Bom dia” e “O fim do outono”, de Yasujirô Ozu

yasujiro ozu higanbana a flor do equinocio

Parafraseando um dos seus mais emblemáticos títulos, celebremos o facto de, um ano depois da primavera comercial tardia de “Viagem a Tóquio” (1953) e “O gosto do saké” (1962), Yasujirô Ozu estar de regresso aos cinemas portugueses com um ciclo no Espaço Nimas (com uma breve passagem, em agosto, pelo Theatro Circo, Braga, e, em setembro, também pelo portuense Teatro Municipal Campo Alegre), que, a partir de hoje, exibirá três das mais esplendorosas longas metragens da fase final da sua filmografia, agora em versões restauradas digitalmente. “A flor do equinócio” (1958), “Bom dia” (1959) e “O fim do outono” (1960) são três dos apenas seis filmes que Ozu dirigiu a cores. Talvez por esse motivo, as três obras que agora iluminam a sala do Nimas parecem sublinhar e consolidar as particularidades que distinguem a vasta carreira do realizador, não somente quanto às Continue reading

“O grande mestre”, de Wong Kar-wai

capa o grande mestre

Estamos perante um modo peculiar de recontar a odisseia de Ip Man (1873 / 1972), o lendário mestre de artes marciais, pelos enleios das quatro estações do ano, sob o molde de capítulos emocionais da vida daquele que foi o mentor de Bruce Lee. Uma vez mais, é a eloquência sem palavras da linguagem do amor que continua a centrar o argumento do autor de “Disponível para amar” (2000). Porém, são os faustosos e complexos silogismos do movimento dos corpos na Continue reading

“O passado”, de Asghar Farhadi

capa asghar farhadi o passado

Entre duas nacionalidades radicalmente distintas e um triângulo amoroso trespassado pelo caos das emoções, “O passado” retrata o desmoronamento de um relacionamento conjugal e a busca pela pertença a um lugar, a uma estória. Ahman (Ali Mosaffa) regressa a Paris vindo do seu país nativo, o Irão, para concluir o processo de divórcio com Marie (Bérénice Bejo), francesa, depois de quatro anos de ausência. Encontra um cenário de divisão e Continue reading

“Os sete magníficos”, de John Sturges, e “Trinitá, cowboy insolente”, de E. B. Clucher

capa john sturges the magnificent seven

A desagregação conceptual do western, porventura o mais genuíno dos géneros do classicismo americano, é indissociável do fim do “studio system” que, nas décadas de 1930/40/50, gerou os seus títulos mais nobres. Curiosamente, tal processo envolve contaminações várias de outros universos criativos e, em boa verdade, de outros continentes. “Os sete magníficos” (1960) e “Trinitá, cowboy insolente” (1970) constituem duas referências emblemáticas que nos ajudam a Continue reading