Monthly Archives: April 2012

H.P.I.P. – Património de Influência Portuguesa

O site H.P.I.P. – Património de Influência Portuguesa / Heritage of Portuguese Influence surge na sequência de um trabalho de inventariação do legado arquitetónico e urbanístico com marcas culturais portuguesas no mundo que a Fundação Calouste Gulbenkian tem vindo a desenvolver desde o ano de 2007, sob a orientação científica do professor José Mattoso, e que viu o seu primeiro resultado concretizado no projeto editorial “Património de origem portuguesa no mundo – Arquitetura e urbanismo”. No novo portal – cuja gestão será rotativa entre as Universidades de Coimbra, Évora, Nova de Lisboa e Técnica de Lisboa -, para além de estar reunido todo o material aí publicado, são cruzadas referências bibliográficas de mais de 500 locais, imagens, desenhos e cartografias, permitindo que toda a informação passe a estar organizada numa base de dados georreferenciada, num acervo único (em ambos os sentidos…). O espaço, online desde ontem, é bilingue, interativo e está aberto a Continue reading

Thee Satisfaction, disco e concerto em Lisboa

As Thee Satisfaction são Catherine Harris-White e Stasia Irons, uma cantora e uma mc originárias de Seattle, onde a cena musical tendencialmente dominada pelo rock parece saber integrar de forma cada vez mais consciente e saudável o efervescente hip hop local. Agraciadas com a benção dos Shabazz Palaces (de Ishmael Butler, mais conhecido como “Butterfly”, o líder dos saudosos Digable Planets), que no ano passado deram ao mundo “Black up”, uma magistral reinvenção dos limites e das plasticidades do hip hop, as Thee Satisfaction acabam de publicar o seu primeiro longa duração, “Awe naturale”. Com o selo da conceituada Sub Pop (que editou igualmente os históricos álbuns inaugurais das discografias de gente como os Mudhoney, Nirvana, Flight Of The Conchords, No Age, Fleet Foxes ou Shabazz Palaces, por exemplo), este disco é, para além de um perfeito reflexo das suas principais referências (a ativista Elaine Brown, o genial rapper Q-Tip e a estrela do spoken word Ursula Rucker), um arrojado e desafiante cruzamento de linguagens matriciais da história da cultura afro-americana. As Thee Satisfaction percorrem as suas memórias musicais para lhes darem Continue reading

5º Festival Rescaldo

Entre os dias 17 e 21 de abril, Lisboa recebe a 5.ª edição do Festival Rescaldo, uma coprodução entre a Culturgest e a Trem Azul, programada pelo músico Travassos. É na loja da cultura jazzística que o evento arranca, com o lançamento do livro “Bestiário ilustríssimo”, de Rui Eduardo Paes, e com a inauguração das exposições de Joana Pires (serigrafias das ilustrações concebidas para esse mesmo livro…) e do trabalho visual desenvolvido nos discos da editora portuguesa Dromos Records. Nos dias seguintes, o festival prossegue com concertos que percorrem as mais variadas possibilidades emergentes da cena musical do Continue reading

Artur Barrio no Museu de Serralves, Porto

O Museu de Arte Contemporânea da Fundação Serralves recebe a partir de hoje, dia 13 de abril (abertura marcada para as 10 da noite, com entrada gratuita), e até 1 de julho, uma nova mostra de um dos mais importantes nomes das artes plásticas de vanguarda do Brasil. A obra de Artur Barrio, que já tinha passado com uma marcante retrospetiva pela instituição nortenha em 2000, tem-se distinguido pela ousadia com que desconstrói os tradicionais discursos da arte e pelo seu contributo para uma interrogação e redefinição constantes dos seus estatutos. Barrio questiona o lugar do espetador da obra de arte, jogando com os seus Continue reading

“A caixa negra”, de Amos Oz

Peter Gabriel refere-se a Nelson Mandela como pai da humanidade. Concordamos. Acrescente-se que o mundo deveria considerar ainda Amos Oz como seu alicerce, mas igualmente pilar da literatura e das relações entre os homens. Não apenas por lutar diariamente pelo entendimento entre políticas e povos desavindos, nomeadamente através da organização Peace Now, que ajudou a fundar na década de 70, mas por escrever livros fundamentais como “Uma história de amor e trevas”, “Uma pantera na cave” ou “O meu Michael”. Em “A caixa negra”, publicado originalmente em 1987, Amos Oz utiliza a forma de romance epistolar para abrir a Continue reading

“O miúdo da bicicleta”, de Jean-Pierre e Luc Dardenne


A mais recente e belíssima longa metragem dos irmãos Dardenne, premiada no último festival de Cannes com o Grand Prix do júri e agora publicada em dvd, narra a história de Cyril, um menino de 11 anos que vive entre duas obsessões e paixões que incessantemente perde e procura recuperar: o pai e a sua bicicleta. Endividado, o pai empenha a bicicleta do pequeno rapaz e interna-o num orfanato, de onde vem a sair pela generosidade da cabeleireira Samantha (Cécile de France) – personagem que assumirá a figura materna e que o ajudará a Continue reading

“Old ideas”, de Leonard Cohen

Dificilmente Leonard Cohen poderia ter escolhido um melhor título para este álbum. Longe vão os tempos do Cohen poeta de Isle of Wight (que recentemente vimos a pormenor no documentário de Murray Lerner, “Leonard Cohen live at the Isle of Wight, 1970”) ou do partisan de “Bird on the wire”. Mas também há muito que Leonard Cohen era bem mais do que isso. “Old ideas”, álbum que escreve do alto dos seus 77 anos, é o espelho de um cantautor que nos habituou ao negrume da melancolia, da soturnidade e do amor, como ouvimos ao longo de toda a sua enorme obra em temas tão decisivos para a música moderna como “Famous blue raincoat”, “Avalanche” ou “Dance me to the end of love”. O novo disco de Leonard Cohen é, muito provavelmente, o mais imaculado desde Continue reading