Tag Archives: Matana Roberts

Out.Fest 2015

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Desapressadamente, desde a sua génese em 2004, o Out.Fest – cujo âmbito se resume na assinatura complementar Festival Internacional de Música Exploratória do Barreiro – tem vindo a exclamar-se como uma das mais relevantes e credíveis anuidades concertísticas portuguesas. Agora que se cumpre a sua 12ª edição, pode orgulhar-se de reunir aquele que é seguramente o mais sólido cartaz musical do 2015 festivaleiro. No programa, a associação cultural Out.Ra – seu sustento conceptual – propõe 21 concertos, distribuídos por diversos espaços daquela cidade industrial da margem sul de Lisboa, escalados em quatro dias, entre 8 e 11 de outubro, que em comum evidenciam uma Continue reading

“Always.”, de Matana Roberts

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Milagres da plural singularidade do saxofone de Matana Roberts: toca sozinho, mas invariavelmente escoltado pelas suas incontáveis “vozes”, ecos, personagens, fantasmas, quimeras, especulações, abstrações, enigmas, expressões, meditações, memórias, vestígios, sombras, estilhaços, cinzas. Distante do protagonismo aglutinador da audaciosa empreitada que é o seu ciclo “Coin Coin” – irrepreensível nos três volumes (de 12 anunciados…) que já conheceram vida discográfica -, isola-se aqui o Continue reading

“Coin Coin, chapter three – River run thee”, de Matana Roberts

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A personagem Coin Coin que Matana Roberts avoca discograficamente pela terceira vez não é somente narradora deste audacioso requiem esclavagista que pretende firmar em 12 postilas, mas também não é necessariamente a encarnação do “sonho febril” (sinopse sua…) que narra – será eventualmente, na intangível materialidade que convoca, uma espécie de seu Continue reading

“Coin Coin, chapter two – Mississippi moonchile”, de Matana Roberts

capa matana roberts coin coin chapter two

Muito para além de todo o jazz, muito para além de toda a música, testemunha-se aqui uma prelativa e singularíssima parábola de arte como religião, como política ou como história social. Ancestral e vanguardista, cerebral e apiedado, espiritual e carnal, telúrico e celífero, avassalador libelo contra o branqueamento da memória, celebratório da vida, da verdade, da intangibilidade ontológica, dos labirintos da demência e do amor, evocação de uma cruel liberdade como garantia de perenidade ascética – assim é o fractal edifício escorado no segundo de 12 tomos prometidos para esta Continue reading

Matana Roberts ao vivo em Lisboa e no Porto

Matana Roberts – saxofonista, vocalista, compositora e artista conceptual – experimentou no ano passado, com a obra prima “Coin Coin, chapter one – Gens de couleur libres”, reequacionar profundamente os limites das imagens e das impressões reveladas pela notação musical e as potencialidades da sua ressonância emocional, num álbum dedicado à história da escrava liberta Marie Thérèse “Coincoin”, que fundou a primeira comunidade religiosa de negros livres. Mas o projeto de Matana é ainda mais ambicioso e épico do que isso, e “Gens de couleur libres” é apenas o primeiro capítulo (de 12 previstos) de uma missão que Continue reading