Dois anos depois do falecimento de um dos fundadores da nouvelle vague, Claude Chabrol, estreia no nosso país a última produção cinematográfica assinada por este criador francês, em 2009, “Bellamy”. Obra que evoca as linhas gerais do seu espólio artístico, o filme é um modelar policial cuja trama se tece nas malhas da comédia negra e do suspense, com Gérard Depardieu a interpretar um inspetor Paul Bellamy dividido entre as inquietações familiares e os problemáticos dilemas que a sua profissão lhe coloca.
25 outubro [estreia nacional]
filme “Bellamy” [“Bellamy”], de Claude Chabrol, com Gérard Depardieu, Clovis Cornillac,…
Zon, 2009 / 2012
João Lopes:
É pena que o mercado português seja, por vezes, tão “distraído”. Dito de outro modo: o filme final de Claude Chabrol, “Bellamy”, rodado em 2009, só agora chega às nossas salas. E se podemos lamentar a falta de atualidade, importa sublinhar que a questão central é outra. A saber: fiel aos desígnios da sua longa démarche temática e estética, Chabrol filma as atribulações do inspetor Bellamy (Gérard Depardieu, cansado, volumoso, distante, enfim, subtilmente humano) no interior de uma teia policial que, em última instância, envolve sempre um metódico processo de revelação dos mistérios das relações sociais. Com argumento de uma fiel colaboradora, Odile Barski, é também um filme marcado pela inspiração tutelar de Georges Simenon (que Chabrol adaptou noutras ocasiões). Aliás, mais precisamente, “Bellamy” apresenta-se dedicado “aos dois Georges”: Brassens e Simenon.