A proposta discursiva da exposição que o Museu Calouste Gulbenkian agora inaugura, e que se organiza sob o comissariado do seu diretor, João Castel-Branco Pereira, apresenta uma abordagem de leitura poética ao “Mar”, conforme representado na pintura ocidental entre os séculos XVI e XX. As mais de cem telas expostas oferecem-se como uma sugestão de mapeamento do imaginário marítimo no suporte pictórico, com a devida ressalva de que não se procura aqui traçar uma cronologia evolutiva da sua figuração. “As idades do mar” referem-se, em contrapartida, a seis perspetivas possíveis de compreender a relação ontológica e física da humanidade com a força natural que simultaneamente a atrai e atemoriza. A idade dos mitos, a idade do poder, a idade do trabalho, a idade das tormentas, a idade efémera e a idade infinita são as vias nucleares deste percurso, que se inicia com uma obra primacial de Joseph Mallord William Turner, encaminhando-se seguidamente para peças de igual excelência, da autoria de Édouard Manet, Paul Klee, Giorgio de Chirico, Claude Monet, Jean-Auguste Dominique Ingres, John Constable, Gustave Courbet, Edward Hopper, Amadeo de Souza-Cardoso, Maria Helena Vieira da Silva, entre muitos outros. Com especial colaboração do Musée d’Orsay, a mostra põe em diálogo alguns dos mais primorosos trabalhos do espólio de Calouste Gulbenkian com criações provenientes de outras instituições museológicas, para evocar o esplendor dramático dos oceanos e a sua imensidão absoluta, que tanto apela o homem à eternidade como à vertigem.
26 outubro > 27 janeiro
exposição “As idades do mar”
Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa
