“Rio”, de Carlos Saldanha

Depois da trilogia “A idade do gelo”, o realizador Carlos Saldanha produziu, em conjunto com os estúdios de animação Blue Sky, um filme sobre a sua cidade natal, o Rio de Janeiro, e sobre Blu, uma arara de uma espécie em vias de extinção que redescobre as suas origens e supera os seus medos à medida que vive uma série de arriscadas aventuras e peripécias. Nasceu nas florestas exóticas do Brasil, mas ainda em pequeno foi capturado por um grupo de traficantes de aves que o levou para os Estados Unidos, onde a jovem Linda o encontrou, acolheu e educou – Blu tornou-se um verdadeiro animal doméstico, um tanto mimado, com direito a chocolate quente e biscoitos. Mas quando um ornitologista brasileiro aparece no Minnesota e os avisa que Blu é uma ave rara – o único macho restante da sua espécie – e que no Rio encontraram a fémea com a qual poderá acasalar para garantir a continuidade destas araras, Blu e Linda, habituados à segurança do lar, apercebem-se de que há uma decisão ousada a tomar. No Brasil, Blu confronta-se com tudo aquilo que em si deveria ser natural (e, no entanto, não é…). Nunca aprendeu a voar, é comicamente racional, tem medo de arriscar e descobrir o seu habitat, sentindo-se mais seguro com os humanos do que com os seus pares. Todavia, quando conhece Joia – a outra bela arara, habituada à vida nas florestas da Amazónia – e é raptado por uma segunda vez, não tem outra alternativa senão confrontar-se com a essência da sua natureza, esforçando-se então por aprender a ser uma verdadeira ave. Ao longo desta animada narrativa, Blu vai fazendo muitos amigos, vencendo progressivamente os seus receios e descobrindo “a sua casa” (com a qual ora se encanta, ora se irrita), sempre na tentativa de escapar dos salteadores (incluindo o vilão Nigel, uma catatua amargurada cujo maior  prazer é o de maltratar outros pássaros) e de se reencontrar com Linda. “Rio” é uma encantadora história sobre o valor da descoberta e da superação dos temores mais arraigados, mas também uma ode à “cidade maravilhosa”. Carlos Saldanha conjuga de forma exemplar as cores vibrantes da natureza do Brasil, ao mesmo tempo que faz um retrato exímio do Rio de Janeiro, em modo quase fotográfico, ao qual não falta o Corcovado, as praias de Copacabana e Ipanema, o Sambódromo ou os morros das favelas. Com um elenco de luxo para as vozes na versão original (Jesse Eisenberg vocaliza Blu, Anne Hathaway é Joia, o ator brasileiro Rodrigo Santoro é o ornitologista, e o hilariante Jemaine Clement, da banda Flight Of The Conchords, é a vil catatua, havendo ainda personagens que falam e cantam com as vozes de Tracy Morgan, Jamie Foxx, will.i.am ou Bebel Gilberto), o filme perde em Portugal por não ter sido distribuído com a dobragem (aliás, dublagem…) com sotaque brasileiro – no fundo, a solução mais lógica e mais fiel à energia e atmosfera que Saldanha procurou recriar. Não obstante esse pormenor, este duplo dvd rotulado “Rio – Edição party” é uma proposta muito completa, com diversos “making of”, entrevistas ao realizador, aos atores e aos produtores, que dá a ver quase todo o procedimento técnico que antecedeu o delicioso resultado final. Incluindo igualmente uma série de atividades lúdicas, esta é uma edição ideal para crianças, e indiscutivelmente uma boa oportunidade para recordar o esplendor da capital carioca.

dvd “Rio” [“Rio”], de Carlos Saldanha, com as vozes de Jesse Eisenberg, Anne Hathaway, Rodrigo Santoro, Jemaine Clement, Jamie Foxx,…
Twentieth Century Fox / Pris, 2011 / 2012

 

site de “Rio”

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