“Dark horse – Diários de um falhado”, de Todd Solondz

todd solondz dark horse

O título português deste “Dark horse” é quase uma redundância: será que nas histórias de Todd Solondz existe alguém que não seja um… falhado? Vogamos, de facto, no interior de um território cruel em que, num misto de sadismo cinéfilo e masoquismo moral, o autor se empenha em virar do avesso os pressupostos clássicos do melodrama: os símbolos da classe média made in USA deixaram de existir como expressão de uma determinada ordem social e familiar para sobreviverem como nómadas mais ou menos angustiados de um mundo que já não se reconhece no imaginário redentor dos seus antepassados. Daí a amargura do casal de protagonistas: ele vive como se a condição adulta se definisse a partir de uma interminável exposição de infantilidades; ela poderia ter o nome Prozac como apelido… O mais espantoso (a ponto de ser comovente) é que Solondz sabe filmar tudo isso como quem faz um inventário clínico do desejo de felicidade e suas atribulações; as sequências de sonhos impõe-se mesmo como uma variação hiper-realista sobre os utopias adiadas das personagens. Em tempos de super-heróis esgotados nas suas próprias caricaturas, é bom sentir que as personagens de “Diários de um falhado” se parecem, afinal, com cada um de nós. Ooops…

João Lopes

5 setembro [estreia nacional]
filme “Dark horse – Diários de um falhado” [“Dark horse”], de Todd Solondz, com Jordan Gelber, Selma Blair, Christopher Walken, Mia Farrow,…
Zon, 2011 / 2013

 

texto no Sound + Vision [ 1 ]

texto no Sound + Vision [ 2 ]

 

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