“Irmã”, de Ursula Meier

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Há uma vida atribulada do realismo cinematográfico que, infelizmente, nem sempre merece a devida atenção. Na Europa, por exemplo: neste momento, filmes das mais diversas origens reagem contra muitas formatações (obviamente de raiz televisiva) que simplificam personagens, relações humanas e contextos sociais. O trabalho de Ursula Meier vai nesse sentido, e tanto mais quanto a sua aposta realista se revela indissociável da exigência de não reduzir as personagens mais jovens a estereótipos psicológicos ou morais. A história do rapaz que rouba os turistas de uma estância alpina escapa, por isso, ponto por ponto, a qualquer facilidade de “fait divers”: através dele e, em particular, através da sua relação com a personagem (enigmática) que o título refere, deparamos com uma paisagem familiar ferida a partir do interior. Em “Home – Lar doce lar” (2008), Meier filmara isso mesmo como uma fábula amarga sobre as contradições do “progresso”; agora, compreendemos que tal visão a conduziu às matérias austeras do realismo. Há nessa atitude uma crença na singularidade dos seres humanos que é também, à sua maneira, um modelo de pedagogia cinematográfica.

21 março [estreia nacional]
filme “Irmã” [“L’enfant d’en haut”], de Ursula Meier, com Léa Seydoux, Kacey Mottet Klein,…
Midas, 2012 / 2013

João Lopes

 

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