São duas formações centrais nessa periferia cada vez mais relevante para o free jazz atual que é a Escandinávia, e partilham a espantosa coesão instintiva da secção rítmica norueguesa composta pelo contrabaixo de Ingebrigt Håker Flaten e pela bateria de Paal Nilssen-Love. The Thing e Atomic, que neste próximo domingo, 12 de fevereiro, merecem a honra de subir ao Grande Auditório da Culturgest, Lisboa, nasceram em 2000, reunindo igualmente outros talentos que, nestes ou noutros contextos, viriam a confirmar na última década a imensa vitalidade das suas “vozes” instrumentais: Fredrik Ljungkvist, Magnus Broo e Håvard Wiik, nos Atomic; e o explosivo saxofonista sueco Mats Gustafsson, nos The Thing. Se as lições aprendidas nos manuais decisivos do free e de linguagens improvisadas adjacentes são a matéria prima dos dois grupos, nos The Thing a energia do rock assume um papel igualmente central, condensado em sintomas que vão muito para além das versões que tocam com alguma regularidade de temas de PJ Harvey, The Sonics, The White Stripes ou Yeah Yeah Yeahs. Os Atomic, por sua vez, optam por seguir uma via mais sintonizada com as tradições do hard bop, do free e do improv norteamericano e europeu, sem jamais abdicar de dar continuidade à linha evolutiva dessas suas escolas. Um trio e um quinteto que têm na experiência de palco a sua justificação musical suprema, garantindo a todos os que assistem aos seus concertos algumas das mais recomendáveis experiências em anos recentes do jazz de estilo e força superiores.
12 fevereiro, 9.30 pm
concertos The Thing e Atomic
Grande Auditório da Culturgest, Lisboa