Comissariada por Fernando Cocchiarale e César Oiticica Filho, a exposição “Hélio Oiticica – Museu é o mundo” compreende o segundo grande momento de apresentação da obra do artista brasileiro em Portugal, quando se assinalam quase duas décadas desde a mostra que teve lugar no Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, no início de 1993. Com 117 criações contempladas no espaço expositivo, esta panorâmica dedicada a um dos vultos definidores das vanguardas artísticas do Brasil moderno abrange os seus períodos mais profícuos de produção, entre o final dos anos 50 e a data da sua morte, 1980. Próximo das linhas estéticas do neoconcretismo carioca, que advogava o rompimento com a arte representativa, Hélio Oiticica propôs uma extrapolação da pintura para lá do seu suporte pictórico, entendendo que “o fundo não é o quadro, o fundo é o mundo”. A revisão aqui organizada explora precisamente (nas várias repartições do campo museológico – nas salas interiores e no seu exterior) a evolução do seu trabalho para uma arte cada vez mais ambiental, feita no espaço envolvente e com o espetador. A obra de Oiticica traduz uma progressão gradual da “pintura-quadro” – “Metaesquemas” – para a “pintura no espaço”, pelo desenvolvimento de objetos-conceito e projetos que perspetivam uma incursão participativa, de “delirium ambulatório” e “desinibição intelectual”, como os “Bólides”, os “Parangolés” (peças de vestuário), os “Penetráveis” e as instalações “Tropicália” e “Éden”, nas quais faz confluir a experiência da sensorialidade, sobretudo a cromática, com o contexto popular da cultura brasileira. Retrospetiva que atravessa os vários domínios de criação de Hélio Oiticica – a pintura, a instalação, a literatura, o cinema e a música –, a mostra que estará patente até ao início do próximo ano no Museu Berardo inscreve-se como essencial proposta de partilha, in loco, da sua idiossincrática genialidade.
21 setembro > 6 janeiro
exposição “Hélio Oiticica – Museu é o mundo”
Museu Coleção Berardo, Lisboa