“O lobo de Wall Street”, de Martin Scorsese

martin scorsese the wolf of wall street

De que falamos quando falamos de circulação de dinheiro? Por certo de economias e finanças, estratégias de lucro ou lógicas de investimentos… Quase duas décadas depois de “Casino” (1995), sobre o jogo em Las Vegas, a resposta de Martin Scorsese volta a ser bem diferente e incomparavelmente mais visceral. A saber: o dinheiro segue os desejos humanos, sustenta ou decompõe os nossos imaginários e imaginações, enfim, a sua intensidade passa sempre pelos corpos. Daí que “O lobo de Wall Street”, inspirado na vida real de Jordan Belfort (condenado por práticas ilícitas na bolsa de Nova Iorque durante a década de 90), possua o delírio e a extravagância de uma ópera, ao mesmo tempo expondo os logros de uma intimidade apenas construída através da linguagem fria dos números (que, entenda-se, neste caso, são sempre milhões). Tal como interpretado pelo admirável Leonardo DiCaprio, Belfort conduz a sedução do dinheiro a uma dimensão trágica de que o cinema é, de uma só vez, o palco e o implacável bisturi. A paixão de Scorsese pela América é radical. Entenda-se: vai à raiz da ilusão mitológica.

João Lopes

9 dezembro [estreia nacional]
filme “O lobo de Wall Street” [“The wolf of Wall Street”], de Martin Scorsese, com Leonardo DiCaprio, Jonah Hill, Matthew McConaughey,…
Zon, 2012 / 2013

 

texto no Sound + Vision [ 1 ]

texto no Sound + Vision [ 2 ]

 

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