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“Os anéis de Saturno”, de W. G. Sebald

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Com a tradução, por Telma Costa, e publicação de “Os anéis de Saturno”, a Quetzal convida-nos a mais uma incursão no universo literário de W. G. Sebald, lidos e relidos que estão “Do natural” , “Austerlitz” e “Os emigrantes”. Não obstante o ponto de partida do romance – uma viagem realizada pelo autor ao litoral britânico banhado pelo mar Negro –, a sua leitura leva-nos a territórios bem mais longínquos e díspares. Um périplo com o escritor alemão nunca corresponde apenas a uma deslocação no espaço – deambulamos, sobretudo, pelo tempo que trespassa cada objeto, paisagem ou existência. Dos detalhes mais recônditos da obra de Thomas Browne a pormenores biográficos do soturno Charles Swinburne, não esquecendo as incansáveis jornadas de Joseph Conrad, os desamores de Chateaubriand ou a introdução da manufatura da seda na Europa, a escrita de Sebald em “Os anéis de Saturno” conduz-nos através de um sinuoso e imprevisível trilho, no qual o desvio parece ser a palavra de ordem. A literatura regressa aos seus primórdios. Se Gilgamesh e Ulisses protagonizam as primeiras expedições que, pelo verbo, podemos ainda hoje empreender, o romancista germânico narra-nos aqui uma odisseia bem distinta: a do imaginário humano que desconhece fronteiras cronológicas ou territoriais e que, insaciável, deseja todos os destinos.

livro “Os anéis de Saturno”, de W. G. Sebald
Quetzal, 2013

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