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“Bling Ring – O gangue de Hollywood”, de Sofia Coppola

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Como foi amplamente divulgado, ao realizar esta sua quinta longa metragem, Sofia Coppola decidiu abordar um episódio verídico da história recente de Hollywood: em cena estão as aventuras e desventuras de um grupo de adolescentes que se especializou em assaltar casas de celebridades do entertainment, roubando joias, roupas, etc., num valor que ultrapassou os três milhões de dólares. O certo é que Coppola está muito longe de o fazer com o espírito “sociológico” que domina o discurso corrente dos media contemporâneos. Em boa verdade, o seu tema é menos a evidência crua dos roubos e mais aquilo que parece ser o verdadeiro motor da ação das personagens: não a riqueza dos “famosos”, mas… a própria “fama”. Nesta perspetiva, “The Bling Ring” é um objeto que, na sua aparente ligeireza, toca uma perturbante conjuntura mitológica: há toda um imaginário juvenil cuja elaboração do real possui como único ponto de fuga a miragem do mais pueril êxtase de riqueza. Que Coppola o faça também através da reconversão de uma atriz como Emma Watson, eis o que pode resumir o valor simbólico do seu trabalho: de noiva casta do impossível Harry Potter, ela passa, finalmente, a existir como entidade viva do cinema. Não é todos os dias que alguém reencontra, assim, o direito à sua própria nobreza de atriz.

João Lopes

8 agosto [estreia nacional]
filme “Bling Ring – O gangue de Hollywood” [“The Bling Ring”], de Sofia Coppola, com Katie Chang, Emma Watson,…
Zon, 2013

 

texto no Sound + Vision

 

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