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“Elena”, de Andreï Zvyagintsev

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Com este “Elena”, o russo Andreï Zvyagintsev – premiado com o Leão de Ouro no Festival de Veneza de 2003 pelo igualmente memorável “O regresso” –  faz uma incursão pelas desconexas relações familiares e pelos dilemas emocionais aí extremados. Elena, uma enfermeira reformada, vive um segundo casamento marcado por comprometedoras disparidades afetivas, financeiras e sociais. No seio conjugal, a mulher branda e humilde é tratada por Vladimir, o marido, com um gélido respeito, manifesto na insistência em considerá-la inferior. A distância do casal, mapeada por Zvyagintsev no espaço físico da casa, substantiva-se num ponto de tensão cada vez mais premente, e que é explicitado sem contornos desde um dos passos iniciais da narrativa: a divergência de perspetivas sobre os seus respetivos filhos – Vladimir não suporta a ideia de ajudar financeiramente um ocioso desempregado com quem não tem qualquer vínculo sanguíneo, e Elena é incapaz de entender os indiferentes laços do marido com a filha. Porém, um acidente de saúde proporciona uma súbita reaproximação destes últimos, e Elena vê a sua posição neste esparso contexto mitigar-se, sendo injustamente descartada da herança que o homem com quem partilhou os últimos anos decide registar. Antevendo um penoso futuro para si e para os seus, recorre a uma solução moralmente questionável para garantir a sua sobrevivência. Distinta expressão realista de um mundo votado a uma oceânica solidão, “Elena”, que conta com uma sincrónica (mas algo pálida) banda sonora de Philip Glass, recebeu o Prémio Especial do Júri na secção Un Certain Regard do Festival de Cannes do ano passado.

26 julho [estreia nacional]
filme “Elena” [“Elena”], de Andreï Zvyagintsev, com Nadezhda Markina, Elena Lyadova,…
Leopardo Filmes, 2011 / 2012

 

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