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“J. Edgar”, de Clint Eastwood

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Personalidade enigmática da história dos Estados Unidos da América, John Edgar Hoover é a figura que concede nome e tema ao novo filme de Clint Eastwood. Depois de “Invictus”, de 2009, o realizador volta a aproximar-se do universo da cinematografia biográfica. “J. Edgar” é um retrato do primeiro e mais marcante diretor do FBI, evidenciando como o prestígio do proeminente bureau é indissociável da vida daquele que lhe deu corpo. Marcado por um discurso seco e cru, bem ao jeito de Eastwood, a personagem de Hoover, encarnada por Leonardo DiCaprio, capta o homem que durante mais de 40 anos acompanhou e controlou as grandes mudanças de uma era. Edgar encarna na perfeição a reação norteamericana a uma série de marcantes acontecimentos mundiais, nomeadamente a ameaça comunista, a Grande Depressão, a II Guerra Mundial ou o movimento pelos direitos civis dos afroamericanos. Eastwood joga com as duas faces de Hoover: ora nos mostra um homem austero, firme e intransigente, um líder fiel ao seu país, que não tolera deslealdades, ora nos revela a vulnerabilidade subterrânea do seu caráter, com a figura maternal e o tabu da homossexualidade a assumirem um volátil protagonismo. Hoover e Edgar são duas faces da mesma moeda que Clint Eastwood nos dá a ver numa brilhante narrativa que, para além de DiCaprio, conta também com o desempenho de Judie Dench, Naomi Watts e Armie Hammer.

26 janeiro [estreia nacional]
filme “J. Edgar” [“J. Edgar”], de Clint Eastwood, com Leonardo DiCaprio, Judie Dench, Naomi Watts,…
Warner Bros. Pictures, 2011 / 2012

 

João Eduardo Ferreira:
Tal como Eric Rohmer, Clint Eastwood divide a sua obra em categorias, que preenche criteriosamente: “contos morais”, “contos emocionais”, “contos reais”. “J. Edgar” integra-se na última classificação. No entanto, a preocupação em observar a negra personagem de J. Edgar Hoover a partir do seu lado mais vulnerável coloca um problema moral, talvez emocional, ao espetador. Um lado mais íntimo, a que a belíssima luz do filme não é alheia.

texto no Sound + Vision

 

site de “J. Edgar”

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