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“Can’t stand the pressure”, de Karl Hector & The Malcouns, e “From the deep”, de The Heliocentrics

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Da identidade, alteridade e metafísica do jazz: se o jazz é o som da surpresa, se o jazz é a mutação genética da matéria musical por excelência, se o jazz é impuro por natureza, de que vale cada purista que lhe agrilhoa o universo? O jazz é aquilo que cada ouvido souber que o jazz é. O jazz está isto, o jazz é aqui: Sun Ra, Moondog, Don Cherry, John Coltrane, Ornette Coleman, David Murray, Art Ensemble of Chicago, Pharoah Sanders, Alice Coltrane, Jimmy Smith, The Headhunters, The Blackbyrds, Mizell Brothers, Bobbi Humphrey, Hubert Laws, Modern Jazz Quartet, Emahoy Tsegué-Maryam Guèbrou, Randy Weston, Kahil El’Zabar, Max Roach, Hamid Drake, William Parker, The Lounge Lizards, Him, etc…

O jazz é isto, o jazz está aqui: The Heliocentrics e Karl Hector & The Malcouns, dois paradigmáticos coletivos de funk quarto mundista (i.e., o não-lugar transversal ao trânsito entre afrobeat e krautrock) que tocam aquilo que o jazz é (i.e., o jazz). Aliás, aquilo que o jazz pode ser. Como se o jazz nunca tivesse saído de Congo Square, onde nasceu. Cientes do “ontem”, mas como se não houvesse “amanhã”. Ou da realidade possível numa visão historicista utópica de futuro. Ser e não ser (eis a questão…).

Bruno Bènard-Guedes

disco “Can’t stand the pressure”, de Karl Hector & The Malcouns
Now-Again Records / import. Flur, 2015

disco “From the deep”, de The Heliocentrics
Now-Again Records / import. Flur, 2016

 

texto originalmente publicado no Jornal de Letras n.º 1192, de 8 junho 2016

 



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