A obra de Helen Mirra, cujo epicentro está na relação entre o natural e o simbólico, é alvo de uma retrospetiva a visitar na Culturgest de Lisboa até 14 de setembro. A exposição abrange cerca de 90 peças da artista, concebidas entre 1997 e 2012, e que dão a ver um universo concetual em que o orgânico – materializado em faixas de tecido de algodão – e o metafórico – abordado através da palavra – se intersetam numa indagação acerca do movimento e do espaço. As obras parecem sondar repetidamente o modo como o sujeito está confinado a um território híbrido, no qual os domínios do simbólico e do geográfico se contaminam. O tecido surge como unidade de medida, devolvendo ao espaço a sua natureza, por oposição a uma métrica artificial e matemática. E as palavras que, sobre as faixas de algodão, se apresentam datilografadas vão construindo uma genealogia caótica de referências que impõem um ritmo e uma velocidade ao movimento de avançar. A inscrição no tecido surge como metáfora para os processos da memória que desconhecem qualquer sequência ou paradigma: vamos colecionando um índice axiomático sem ordem ou limite, mas que nos coloca sempre em movimento. O caminho percorre-se sempre a par da memória; a memória está na própria origem do movimento para diante. De modo a complementar a exposição de Lisboa, a Culturgest do Porto apresentará também, a partir da próxima 6ª feira, algumas obras da artista, revelando sobretudo o seu trabalho fílmico, sonoro e performativo.
7 junho > 14 setembro
exposição “Edge habitat”, de Helen Mirra
Culturgest, Lisboa
13 junho > 13 setembro
exposição Helen Mirra
Culturgest, Porto