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“O profundo mar azul”, de Terence Davies

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Em 1999, com a perspicácia que o distingue, David Mamet recuperou uma peça de Terence Rattingan, “The Winslow boy”, para fazer um filme admirável sobre as tensões entre destinos individuais e valores coletivos. Agora, Terence Davies vem relançar a ideia: há no teatro de Rattingan uma energia dramática e uma delicadeza simbólica que faz sentido revisitar. Mais do que isso: a adaptação de “The deep blue sea” (cuja primeira encenação ocorreu em Londres, em 1952) vem mostrar que continua disponível uma via romântica, porventura neorromântica, para um cinema que não deixou de acreditar nas virtudes mais primitivas do plano e da cena, da teatralidade do espaço e das maravilhas de transfiguração do tempo. Na história de um adultério situado numa Inglaterra ferida pelas recordações muito próximas da Segunda Guerra Mundial, Davies relança, assim, os valores de uma linguagem narrativa que tem nos atores a sua decisiva pedra de toque (Rachel Weisz transcende tudo e todos), ao mesmo tempo que encontra na música uma densidade dramática que está para além de qualquer lógica de “ambiente”. Ironia cruel: este é também um cinema de componentes genuinamente populares que vive, agora, à procura do seu público. Será que ainda conseguimos ser dignos das exigências, do rigor e da ética do romantismo?

28 março [estreia nacional]
filme “O profundo mar azul” [“The deep blue sea”], de Terence Davies, com Rachel Weisz, Tom Hiddleston,…
Zon, 2011 / 2013

João Lopes

 

texto no Sound + Vision [ 1 ]

texto no Sound + Vision [ 2 ]

 

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