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“Centipede hz”, dos Animal Collective

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O sucessor do imponderável “Merriweather Post Pavilion” apresenta-se como mais uma apurada coleção de fantasias psicadélicas e delirantes experimentos meta-pop. Escrito, composto e ensaiado num celeiro na terra natal da banda, Baltimore, o disco reforça a incansável perícia criativa dos Animal Collective em encontrar novas formas de redefinir a sua (mutante e onírica) linguagem musical. “Centipede hz” não tem o frenesi eletrónico do longa duração precedente (embora “Applesauce” nos traga à memória as cândidas canções que aí se revelaram, e “Today’s supernatural” caminhe facilmente para o mais explosivo dos festins)  é uma entusiasmante excursão pelas reminiscências da rádio, com excertos de fantasmáticas vozes sampladas e distorcidas a aparecer aqui e ali, a que a percussão e os sintetizadores oferecem um já habitual, mas não por isso menos surpreendente, pano de fundo. Em física, a frequência é o número de ocorrências por unidade de tempo, seja de luz, som,…; nos Animal Collective, se já sabíamos que essas ocorrências eram intangíveis e as oscilações infinitamente plásticas, confirmamos, aqui e agora, que elas (e eles) não são mais do que centopeias em incessante fragmentação semiótica.

disco “Centipede hz”, dos Animal Collective
Domino / Edel, 2012

 

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