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“Beyoncé”, de Beyoncé

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Miraculosamente plástica, Beyoncé viabiliza uma especulação inevitável com um trabalho autobiográfico, uma viagem pela espartana exigência com que se dedica à música. “Beyoncé” é um álbum-narrativa, um trilho sonoro e visual que cartografa a experiência artística e criativa de um ícone da pop que deu princípio à sua existência pela própria negação da sua iconicidade. O legado de Beyoncé culmina simbolicamente na conceção deste projeto denominado como um disco videográfico, ou seja, um conjunto de 14 faixas concebidas para serem acompanhadas de 17 videos. Um objeto audiovisual que pretende reafirmar o espírito da obra musical completa, envolvente e imersiva do “álbum”, formato que tem vindo a perder algum protagonismo desde a eclosão do mp3, herdeira da velocidade de consumo contemporânea. A coesão de “Beyoncé” assenta numa base rítmica que retorna ao r&b de cariz eletrónico transversal às últimas três décadas, mas que ostenta reflexos luminosos do futuro. Desde “Blow”, com a assinatura conjunta de Justin Timberlake, Timbaland e Pharrell, a “Flawless”, com a unicidade do discurso feminista da autora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie, este quinto longa duração conta ainda com a participação de Jay-Z, Frank Ocean ou Drake. A ousadia e a aceitação do erro, da imperfeição, fazem de Beyoncé uma artista em permanente evolução – uma artista que quer ser mensagem numa constante permeabilidade que envolve um eixo seguro e inabalável de força feminil, enlaçada no reconto de um mapa emocional e intimista enquanto mulher e cantora, agora partilhado com o mundo pelo eco da música.

disco “Beyoncé”, de Beyoncé
Columbia / Sony, 2013

 
























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